O QUE É A ANSIEDADE
A ansiedade é um estado emocional natural e adaptativo, que nos prepara, ajuda e protege aquando de situações de perigo e de desafio. Deste modo, a ansiedade adaptativa é uma reação natural a situações que põem em risco os nossos mecanismos de sobrevivência.
A ansiedade torna-se um problema quando interfere de forma negativa no quotidiano da pessoa, impossibilitando-a de agir e de ter controlo sobre o que a rodeia, afetando a sua qualidade de vida nos vários contextos e as suas relações sociais. Quando a ansiedade se torna desadaptativa, ela causa muito sofrimento na pessoa, afetando-a nos seus sentimentos, pensamentos e comportamentos. Neste caso, é importante solicitar ajuda de um profissional qualificado. Para diferenciar a ansiedade adaptativa da ansiedade patológica, o profissional poderá ter em consideração aspetos como a intensidade, a frequência, a duração e o grau de profundidade e sofrimento da ansiedade na pessoa.
OS SINTOMAS
Deixo-vos alguns sintomas (emocionais, físicos, comportamentais e em forma de pensamentos) que podem estar presentes nas diversas formas de manifestação de ansiedade.
Sintomas Físicos
1. Agitação
2."Borboletas no estômago"
3. Mãos/pés suados ou frios
4. Dor de barriga
5. "Formigueiro" em algum membro do corpo
6. Sensação de falta de ar
7. Alterações no padrão do sono
8. Tonturas
9. Tensão muscular
Sintomas Comportamentais
1. Isolar-se
2. Crises de choro
3. Ataques de zanga ou fúria
4. Evitar novas atividades
5. Ausência de realização de atividades que davam prazer
6. Diminuição da capacidade de atenção e concentração
7. Dificuldades na tomada de decisão
8. Lavagens excessivas da mãos ou do corpo
9. Arrumar todos os objetos pela sua cor, forma, etc.
Sintomas Emocionais
1. Medo/s
2. Preocupação (excessiva)
3. Tristeza
4. Culpa
5. Alterações repentinas de humor
6. Desesperança
7. Sensação de não ter valor
9 Pensamentos da Ansiedade
1. Perda de controlo
2. Pessimismo
3. Perda de confiança em si próprio
4. Autoimagem negativa
5. Autocrítica frequente
6. Pensamentos que algo de mau poderá acontecer-lhe
7. Foco no que corre mal e no que é negativo
8. Pensamento de que não é possível ser ajudado
9. Pensamento de que se é estranho.
AS CAUSAS
Vários são os fatores envolvidos na origem de perturbações de ansiedade, designadamente fatores individuais, biológicos/hereditários e ambientais.
Os fatores individuais dizem respeito à forma como a pessoa processa e interpreta as informações e emoções, sendo passíveis de ser treinadas e reajustadas ao longo da vida.
Os fatores biológicos ou hereditários são aqueles que por norma, não podem ser modificados, pois resultam de material genético transmitido de geração em geração. Por fim, a influência ambiental que engloba:
- Estilos de educação parental - educação superprotetora ou supercrítica e educação permissiva;
- Acontecimentos de vida: eventos traumáticos - acidente de carro assaltos, maus tratos; e/ou, episódios causadores de stress - mudança de escola ou de casa, divórcio dos pais, rejeição familiar ou por parte dos pares; nascimento de um novo membro da família, doença do próprio ou de um familiar.
Estes fatores ambientais que apresentam bastante impacto poderão também eles serem reeducados e reajustados.
A Ansiedade pode surgir de diferentes formas, designadamente:
Ansiedade generalizada
Ansiedade e preocupação excessivas (apreensão expectante) ocorrendo na maioria dos dias sobre vários acontecimentos ou atividades (e.g. o desempenho laboral ou escolar). A pessoa pode apresentar sintomas como: agitação, nervosismo ou tensão interior, fadiga, dificuldades de concentração, irritabilidade ou perturbações do sono.
Ansiedade social (fobia social) / Ansiedade de desempenho
Medo ou ansiedade marcados de uma ou mais situações sociais em que a pessoa está exposta ao possível escrutínio dos outros. Os exemplos incluem interações sociais (e.g. uma conversa, um encontro com pessoas desconhecidas), ser observado (e.g. a comer ou a beber) e em situações de desempenho perante os outros (e.g. falar em público).
Pânico / Ataque de pânico
Presença de ataques de pânico inesperados recorrentes. O ataque de pânico é um período abrupto de medo ou desconforto intensos que atinge um pico em minutos (tempo médio sete a dez minutos) e durante o qual estão presentes alguns dos seguintes sintomas (palpitações, batimentos ou ritmo cardíaco acelerado, suores, tremores, sensação de falta de ar, desconforto ou dor no peito, náuseas ou mal-estar abdominal, sensação de tontura, de desequilíbrio, de cabeça vazia ou de desmaio, formigueiros, medo de perder o controlo ou de "enlouquecer", medo de morrer, entre outros.
Agorafobia
Medo ou ansiedade marcados acerca de duas ou mais das seguintes situações: utilização de transportes públicos (e.g. automóveis, autocarros, comboios, barcos, aviões), estar em espaços abertos (e.g. parques de estacionamento, pontes), estar em espaços fechados (e.g. lojas, cinemas, teatros), estar em pé numa fila ou estar numa multidão e/ou estar fora de casa sozinho.
Obsessivo-compulsiva
Presença de obsessões, compulsões ou ambas.
As obsessões caracterizam-se por pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes ou persistentes que são experienciadas como intrusivos ou indesejados causando ansiedade ou mal-estar marcados. Estes pensamentos, impulsos ou imagens tentam ser ignorados ou suprimidos com outro pensamento ou ação (ou seja, realizando uma compulsão).
As compulsões são caracterizadas por comportamentos repetitivos (e.g. lavagem de mãos, ordenação, verificação) ou atos mentais (e.g. contar, rezar, repetir palavras silenciosamente) que a pessoa necessita de realizar em resposta a uma obsessão ou mediante regras que têm de ser aplicadas rigidamente. Estes comportamentos têm como objetivo reduzir a ansiedade ou o mal-estar ou prevenir acontecimentos ou situações temidas.
Fobia específica
Medo ou ansiedade marcados em relação a um objeto ou situação específicos (e.g. viajar de avião, alturas, animais, injeção, sangue, ferimentos).
Fonte: American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5.ª ed.). Lisboa: Climepsi Editores.
AS CONSEQUÊNCIAS
Na ausência de tratamento psicológico, as consequências da ansiedade poderão ser bastante prejudiciais, causando sofrimento significativo e mal-estar geral.
Poderão surgir consequências penosas para a pessoa, de entre as quais:
- Inadequação e isolamento social
- evitamento de locais, pessoas e/ou situações
- evitamento de situações novas
- diminuição considerável da autoestima e autoconfiança
- em casos mais graves, depressão